FILTROS NEBULARES E REDUTORES DE POLUIÇÃO LUMINOSA
O uso de filtros contra poluição luminosa é quase que uma necessidade imperativa na observação das nebulosas em zonas urbanas ou em locais onde a poluição luminosa se faz presente em grau variado.
O mapa ao lado representa o nível de poluição luminosa no Brasil e América do Sul no ano de 2012 com base em dados do Nasa Earth Observatory. Certamente no tempo transcorrido até a presente data, muito deve ter piorado nas condições observacionais para quem tem por objeto de estudo o céu noturno estrelado. A Poluição Luminosa (PL) não somente é um empecilho à observação astrônomica, profissional ou não, mas também possui profundo impacto sobre os animais silvestres de hábitos noturnos e também sobre o ser humano.
A glândula pineal ou epífise (não confundir com hipófise ) está situada na parede posterior do teto do diencéfalo e tem origem ependimária (ligação com o teto do 3° ventrículo ou ventrículo médio). Tem forma ovóide e lembra um caroço de azeitona. O interesse pela glândula é bastante antigo sendo que seus primeiros estudos datam 300 anos antes de Cristo e o filósofo francês René Descartes (1596-1650) já se interessava pela mesma e atribuía a ela a função de ser a sede da alma . É fato que a glândula pineal, é responsável pelo importante papel que ela exerce na regulação dos chamados ciclos circadianos, que são os ciclos vitais (principalmente o sono) e no controle das atividades sexuais e de reprodução. Responsável pela produção do hormônio melatonina, este só ocorrendo em total ausência de luz, regula os ciclos de atividade/repouso e sono/vigília, assim como o sistema imunológico. Sua falta acaba por levar o indíviduo a uma irritabilidade exarcebada e frequentes problemas relacionados a baixa imunidade.
Basicamente as emissões correlacionadas com a iluminação artificial envolvem linhas de emissão do mercúrio, proveniente das lâmpadas de iluminação pública, letreiros de propaganda e outros; linhas de emissão de vapor de sódio e emissões naturais na atmosfera.
As linhas atribuídas ao mercúrio situam-se em 365, 405, 436, 546, 577 e 617 nanômetros; enquanto que, as linhas de emissão provenientes do sódio situam-se em 570, 583, 600 e 617 nm. O brilho natural do céu possui sua emissão em 558 nanômetros e aparece mais fracamente em torno de 630 nanômetros.
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As nebulosas de emissão possuem sua radiação visível consistindo de linhas de emissão do oxigênio duplamente ionizado, também conhecido como OIII, é uma linha proibida do íon oxigênio. Emite primariamente na posição de 500.7 nm (verde) e mais fracamente em 495.9 nm, sendo este constituinte muito comum em nebulosas difusas e planetárias.
Outra linha de emissão importante das nebulosas corresponde ao H-beta (hidrogênio beta) em 486 nm e a linha do H-alfa (hidrogênio alfa), que emite em 657 nm, invisível ao olho, mas detectável pelos CCD´s sendo responsável pela cor vermelha das nebulosas.
Assim, os filtros destinados a observar as linhas de emissão OIII possuem suas bandas de passagem em 500 e 496 nm; os destinados ao H-betha, em torno de 486 nanômetros e o H-alpha com valores acima de 720 nm, bloqueando as demais emissões do espectro.
Assim, os filtros destinados a observar as linhas de emissão OIII possuem suas bandas de passagem em 500 e 496 nm; os destinados ao H-betha, em torno de 486 nanômetros e o H-alpha com valores acima de 720 nm, bloqueando as demais emissões do espectro.
Estes filtros podem ser classificados em filtros de banda larga e filtros de banda estreita, conforme permitam que uma maior parte do espectro passe através deles. Um filtro banda larga deixa passar além das principais linhas de emissão das nebulosas, alguma parte da iluminação artificial, bloqueando apenas as linhas de maior intensidade oriundas da poluição luminosa.
São filtros mais claros, com maior transmitância e adequados ao uso com telescópios de menor abertura ou em locais com baixa poluição luminosa ou mesmo nenhuma. Estes filtros são conhecidos por nomes como Nebula Filter, Deep Sky ou LPR (Light Pollution Reduction), podendo apresentar outros nomes de acordo com fabricantes diferentes.
Mesmo entre os filtros de banda estreita, de acordo com o fabricante do filtro, podemos ter variações sobre o quão estreita é essa banda. Por exemplo, podemos ter um filtro OIII que permita a passagem em 12 nm ou 8 nm ou menos, isto é, o tamanho da janela de passagem em volta da linha de emissão pode variar de 8 nm a 12 nm, dependendo do filtro.
Esse fato implica diretamente na utilização do filtro, uma vez que um filtro com banda mais estreita necessita de uma pupila de saída maior caso contrário a imagem será extremamente escura.
Filtro |
Nebula Filter |
UHC |
O-III |
H-betha |
Banda de Passagem |
90 nm |
22 - 26 nm |
10 - 12 nm |
8 - 10 nm |
Pupila de Saída (Céu com PL) |
0.5 - 2 mm |
1 - 4 mm |
2 - 5 mm |
3 - 7 mm |
Pupila de Saída (Céu escuro) |
1 - 4 mm |
2 - 6 mm |
3 - 7 mm |
4 - 7 mm |
Para determinar a ocular a ser utilizada com um tipo específico de filtro, basta multiplicar a pupila de saída pela razão focal do telescópio. Assim, para se utilizar o filtro OIII, com banda de passagem de 8 nm da Baader, por exemplo, basta mutiplicar o valor listado para a pupila de saída na condição observacional. Por exemplo: num céu com PL, a melhor pupila seria de 3 a 7 mm de abertura (note que o OIII é 8 nm, semelhante ao H-betha), com um telescópio F/6 resultaria em oculares com 18 e 21 mm de distância focal.
As conseqüências desse protocolo são interessantes, pois com um telescópio de 200 mm F/6, utilizando-se uma ocular ortoscópica de 18 mm teríamos uma pupila de saída de 3 mm e uma ampliação de 66X. Entretanto, se considerarmos um telescópio com a mesma razão focal, mas abertura de 60 mm teria a mesma pupila de saída, mas uma ampliação de 20X. Pode-se pensar que um filtro OIII com uma banda de passagem de 8 nm pode ser utilizado em um telescópio 60 mm F/6 com proveito. Na prática não é isso que se observa, pois se depende da área de coleta de luminosidade da objetiva e o uso nestas condições não seria adequado, pois a imagem seria escura (fator de transmitância do filtro).
Por outro lado, para telescópios com aberturas razoáveis e acima de 120 mm podem desempenhar mais ou menos bem com determinados filtros, desde que se observe a pupila ótima que o filtro requer e conseqüentemente a distância focal da ocular e a ampliação resultante. Telescópios com aberturas menores que 120 mm podem ter desempenho razoável com filtros UHC ou Deep Sky, dependendo das condições locais de observação.
FILTRO INDICADO AO USO |
OBJETO A OBSERVAR |
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M17, M97, NGC246, NGC604, NGC1360, NGC1514, NGC2022, NGC2359, NGC2371-2, NGC2392, NGC2438, NGC6210, NGC6302, NGC6357, NGC6543, NGC6781, NGC6804, NGC6888, NGC6960-6995, NGC7000, NGC7008, NGC7026, NGC7027, NGC7048, NGC7139, NGC7293, NGC7635, IC410 |
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M1, M8, M16, M20, M27, M42, M57, M76, NGC40, NGC281, NGC896/IC1795, NGC1491, NGC2024, NGC2174, NGC2237-2239, NGC2264, NGC2440, NGC3242, NGC4361, NGC6334, NGC6445, NGC6559, NGC6905, NGC7129-7133, NGC7538, NGC7822, IC1396, IC1848, IC4628, IC5067-70. |
H-betta |
M43, NGC1499, NGC2327, IC417, IC434/B33, IC1318, IC2177, IC5076, IC5146 |
NGC: New General Catalog |